As principais propostas de reforma administrativa
O Observatório de Política Fiscal publica estudos e recomendações sobre a reforma administrativa do setor público que deve ser o próximo item da pauta da agenda de reformas do governo.
Proposta Oliver Wyman – Principais recomendações:
- Diminuição ao mínimo do número de carreiras dos servidores públicos civis.
- Instituição do planejamento da força de trabalho e dimensionamento da estrutura organizacional como condição prévia para publicação de concursos públicos, promoções e redistribuições.
- Obrigação de avaliação anual de desempenho absoluta e relativa de todos os servidores públicos efetivos e em comissão.
- Proibição das promoções e progressões automáticas.
- Vinculação de promoções e progressões exclusivamente ao mérito e ao interesse da administração pública e condicionadas ao planejamento da estrutura organizacional.
- As carreiras devem ter maior número de faixas, salários iniciais alinhados aos salários do setor privado e que, além das mudanças propostas acima, estejam baseadas em classificações gerais de funções que gerem mobilidade dentro do serviço público e que corrijam as atuais distorções relativas a padrões salariais, desvios de função e pulverização do arcabouço jurídico.
O estudo traz, ainda um bom comparativo sobre a questão da estabilidade em outros países:
O modelo norte americano de remuneração – Nelson Barbosa
A pesquisa de Nelson Barbosa do IBRE apresenta o modelo de remuneração norte americano. Com base nesse modelo, o autor apresentou as seguintes recomendações:
- Estabelecer o valor máximo do orçamento disponível para reajustes salariais nos três poderes da União, com base na meta de gasto definida pelo governo, com prazo de quatro anos.
- Criar um Comitê de Remuneração, de caráter consultivo e vinculado ao Presidente da República, com representantes do setor privado e do setor público, para analisar e aperfeiçoar a estrutura de cargos e salários dos três poderes da União, bem como recomendar ou não reajustes anuais.
- Alinhar as remunerações entre setor público e setor privado no longo prazo (por exemplo: entre 10 e 20 anos), definindo os reajustes salariais dos servidores com base na variação dos salários no setor privado, como acontece nos EUA.
- Reorganizar a estrutura de cargos e salários do governo em menos carreiras, adotando uma tabela comum de remuneração para atividades semelhantes em órgãos públicos diferentes, sobretudo no Executivo.
- Revisar a remuneração e a quantidade de cargos de confiança de nível mais elevado (DAS 6), elevando os salários e reduzindo o número de postos, para alinhar salário com responsabilidade do cargo e reduzir funções desnecessárias.
- Revisar o teto de remuneração do serviço público, com eliminação de auxílios e verbas indenizatórias (“penduricalhos”) e definição do valor máximo pelo Congresso Nacional, com base em proposta do Presidente da República, a partir de recomendação do Comitê de Remuneração.
Proposta de reagrupamento das carreiras:
- Auditoria: auditores e técnicos da receita federal, do trabalho, da agricultura e atividades similares.
- Advocacia: advogados e procuradores da União, incluindo servidores administrativos.
- Gestão: analistas de finanças, orçamento, planejamento, comércio exterior, agências reguladoras, banco central, infraestrutura, políticas sociais e áreas similares, incluindo nível superior e técnico, finalístico e administrativo.
- Relações Exteriores: relações exteriores, incluindo diplomatas e servidores administrativos.
- Segurança: polícia federal, polícia rodoviária federal, agentes penitenciários e servidores de apoio da área de segurança.
- Defesa: militares e servidores civis do ministério da defesa e atividades de inteligência.
- Educação e pesquisa: professores, pesquisadores e servidores administrativos de unidades de ensino e pesquisa.
- Saúde: médicos e servidores administrativos de unidades de saúde.
Reforma do Estado na prática: a proposta do RS
A situação financeira do Rio Grande do Sul é dramática. São 48 meses de salários parcelados e atrasados. Os gastos com inativos crescem, enquanto os ativos caem e o Estado se vê impossibilitado de prover serviços públicos adequados. O déficit fiscal por habitante do RS é o mais elevado da federação brasileira (R$ 1.038) enquanto o segundo colocado é o RJ (R$ 887). Assim, é interessante verificar como essa reforma se encaixa em uma situação concreta.
São várias propostas com a devida justificativa. Vale chamar atenção para o fato de que muitas dessas propostas se referem a mudanças que, em outros estados ou no governo Federal, foram implementadas desde os anos 1990. Por essa razão o documento tem um conteúdo distinto dos comentados anteriormente. Abaixo, seguem os principais itens, mas recomenda-se ao interessado a leitura do documento.
Propostas:
- Fim da licença mandato classista: Impede que o servidor prossiga recebendo gratificações relacionadas ao cargo e/ou função de confiança quando estiver em Mandato Classista.
- Salário mínimo passa a ser o piso da remuneração total dos trabalhadores do Estado.
- Pagamento do abono família será restrito aos trabalhadores de baixa renda.
- Fim das promoções automáticas.
- Fim dos abonos por tempo de serviço para os novos servidores.
- Fim do acúmulo de gratificações
- Vedação da incorporação de gratificação
- Alinhamento das regras de previdência estadual às novas regras aplicadas aos servidores federais.
- Ampliação do estágio probatório de dois para três anos, regulamentação da redução de jornada com redução de salário, pagamento de horas extras e teletrabalho.
O Governo Federal deve divulgar sua proposta em breve. Certamente temos mais experiências que merecem ser apreciadas e que aparecerão no debate público. Por enquanto, esse é o pontapé inicial do Observatório de Política Fiscal.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.
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